Em 1642, Rembrandt recebe uma encomenda de uma corporaτπo de arcabuzeiros. Eles desejavam uma tela na mais pura tradiτπo dos retratos civis. Este gΩnero estava profundamente arraigado na Holanda. Sua representaτπo se generalizara dois sΘculos antes. No entanto a obra final, nπo foi do agrado de seus clientes. Eles nπo encontraram nela os detalhes e a caracterizaτπo individual que esperavam ver.
Seu autor preferiu representar o momento em que a companhia se reorganiza para um desfile ou uma competiτπo de tiro. Guarda certas similitudes com um quadro anterior, pintado, em 1632, por Thomas Keyser.
O protagonista principal Θ o movimento de toda a multidπo. O capitπo ordena a um jovem oficial que ponha em marcha toda a tropa. Os burgueses revisam e preparam suas armas. Umas crianτas aparecem correndo entre o grupo, enquanto um cπo late para o homem que toca tambor. A inclusπo de personagens que nπo pertencem α companhia revitaliza o tom geral do quadro. A imagem serena que caracterizaria um retrato de grupo Θ substituφdo pela espontaneidade da vida quotidiana.
AN┴LISE T╔CNICA E ESTIL═STICA
Um esboτo e diferentes vers⌡es do original confirmam que Rembrandt escolheu para esta tela uma composiτπo em zig-zag. Tal recurso tΘcnico Θ muito habitual na pintura do Barroco. O artista pretende que o espectador dirija sua atenτπo desde a zona mais imediata αs partes mais profundas da tela.
O espaτo se articula mediante o uso de quatro planos sucessivos. O mais imediato parte da luva do capitπo. O seguinte se situa na arma do fuzileiro que se encontra a sua direita. Um terceiro plano estß encarnado na figura iluminada da menina e, fechando a composiτπo, tem-se o abandeirado situado atrßs dela.
Uma arquitetura de ar clßssico serve de pano de fundo. O mestre concede uma atenτπo especial aos dois personagens centrais. A partir deles se desencadeiam um sem fim de gestos e atitudes. A figura iluminada do jovem contrasta com a indumentßria negra do capitπo. Uma faixa vermelha, que lhe percorre o peito, anima cromaticamente a cena. A iluminaτπo Θ artificial. A pincelada perde detalhes α medida que se afasta para o fundo, enquanto que o claro-escuro continua sendo uma ferramenta essencial na definiτπo das formas.
INTERPRETA╟├O
Talvez esta seja a obra mais conhecida de seu autor. ╔ tambΘm uma das mais bem realizadas. Nπo s≤ pela mestria de sua tΘcnica. O retrato civil adquire, nesta representaτπo, um valor diferente. O artista subordina a caracterizaτπo individual dos personagens α aτπo geral. Nπo imprime α tela um ar s≤brio, pr≤prio da gravidade do retrato. Prefere a captaτπo de um instante da vida cidadπ.
Para isso foi utilizada uma composiτπo meticulosa e muito estudada. Sob a sensaτπo de confusπo e diversidade aparentes, subjaz a unidade narrativa. Isso Θ conseguido mediante uma complexa imbricaτπo de todos os elementos que integram a cena. Cada gesto, cada alabarda e cada fuzil sπo entendidos em funτπo dos personagens centrais. Deles parte a aτπo, e sobre eles torna a se aglutinar. As diagonais, que formam os diferentes braτos e armas proporcionam um ritmo dinΓmico. Estπo sabiamente pensados para aglutinar e diversificar a aτπo ao mesmo tempo.
Rembrandt resolve com soltura um trabalho difφcil, com harmonia e vitalidade. ╔, sem d·vida, um bom paradigma da estΘtica pict≤rica do Barroco.
